sexta-feira, 18 de março de 2011

Existem culpados?

As vezes parece natural para nós a busca de um culpado em um conflito, de um lado certo ou errado, dessa dualidade e julgamento, mas será que essa dualidade certo-errado, culpado-inocente, é pertinente da análise de conflitos? Não apenas no conflito entre israelenses e palestinos, mas em qualquer conflito. É certo estigmatizar indivíduos, grupos ou até mesmo toda uma nação, como culpados?

Assim como Stuart Hall critica a forma com que os outros atribuem a indentidade a determinado indivíduo, me parece - após todas as discussões apresentadas em sala - que atribuir a determinado grupo a "identidade" de culpado, de errado, ou até mesmo de inocente e certo, mina a pesquisa sobre conflitos sociais. Essa identificação nos impede de ter uma visão imparcial sobre os conflitos, nos impede de analizar um conflito de uma forma efetiva... Essa estigmatização impede, por exemplo, de que políticas (sejam elas políticas municipais, nacionais ou mesmo - como é o caso do nosso conflito analizado - mundiais) efetivas que auxiliem os envolvidos no conflito.

Além disso, auxiliar o conflito não significa resolvê-lo. Essa parece ser uma visão de senso comum. Logo na primeira aula da disciplina, a professora me mostrou que o conflito não é necessariamente ruim, já que o conflito pode nos mostrar as diferenças entre culturas, entre pensamentos e até mesmo entre o indivíduos, o que pode ser extremamente benéficos para os indivíduos relacionados e participantes do conflito e para todos os envolvidos e espectadores...

A conclusão desta reflexão, se é que ela existe, é de que a estigmatização e a busca de culpados é extremamente prujudicial e ineficiente. Essa estigmatização seria, talvez, o ato de impor uma verdade única e absoluta e tudo isso nos leva ao Foucalt e à sua teoria de verdade e de poderes e micropoderes, que nos mostra como a verdade é uma construção proveniente de balanço de poderes. Portanto, é nossa responsabilidade como pesquisadores tentar compreender todos os lados e faces dos conflitos analisados, porém, como essa é uma atividade muito complexa, não temos a pretenssão de conseguir analizar todas essas faces, mas acredito que o fruto de mais valor desta disciplina é a tentativa realizada.

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