domingo, 27 de março de 2011

A favor da guerra?



O pequeno documentário acima foi realizado durante uma manifestação à favor do ataque de Israel à Palestina.

O que me impressionou ao ver este vídeo é que, ao contrário do que eu imaginava, muitas pessoas de fora do conflito são "contra a paz". Porém, o mais interessante aqui não é ver essa expressão de anti-guerra, mas é ver a situação de contradição que o repórter força os entrevistados a se encontrarem.

Um pouco da cultura judaica e suas motivações

Como dito nos post anteriores, o povo do qual decenderam os judeus foram os primeiros a habitarem a área conhecida Faixa de Gaza.

Na cultura judaica, a diáspora (ou dispersão) do povo judeu é interpretada como uma forma que Deus encontrou para castigar o povo por seus pecados, é como um castigo divino que só o próprio Deus pode colocar fim. A partir disso, a cultura judaica conserva a esperança que um dia todo o povo judaico regressará ao que eles chamam de 'País de Israel', onde todos os judeus viveriam juntos e seguiriam à risca todas as leis divinas. Essa volta ao 'País de Israel' é tida pelo povo judeu como a liberdade da dependência dos outros países do mundo, como uma liberdade da escravidão a que os judeus são expostos todos os dias por não terem um país judeu.

A partir disso, pode-se compreender porque o povo judeu tem uma motivação tão grande por lutar por Israel, já que mais que um território, ter seu próprio país significa para os judeus a libertação da escravidão a qual eles se sentem expostos.

sexta-feira, 25 de março de 2011

A poesia prevalece!

Quais os limites da Arte? Essa é uma pergunta que inicialmente não teria nada a ver com o tema deste blog, mas dando alguns passos para trás podemos enxergar melhor as coisas e ver que a Arte pode ser uma forma de protesto válida e importante no contexto desse conflito.

Pensado nisso o famoso grafiteiro inglês Bansky fez uma série de grafites no Muro da Vergonha*, criado pelo Estado israelense na fronteira com a palestina.

Aqui estão alguns dos trabalhos e um vídeo, feitos nessa ocasião pelo artista/terrorista-político que surpreende com sua criatividade.

http://www.youtube.com/watch?v=fZK7D6WqzR0








*Tratarei sobre o Muro da Vergonha mais longamente em um próximo post.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Palestino cantando

Existem culpados?

As vezes parece natural para nós a busca de um culpado em um conflito, de um lado certo ou errado, dessa dualidade e julgamento, mas será que essa dualidade certo-errado, culpado-inocente, é pertinente da análise de conflitos? Não apenas no conflito entre israelenses e palestinos, mas em qualquer conflito. É certo estigmatizar indivíduos, grupos ou até mesmo toda uma nação, como culpados?

Assim como Stuart Hall critica a forma com que os outros atribuem a indentidade a determinado indivíduo, me parece - após todas as discussões apresentadas em sala - que atribuir a determinado grupo a "identidade" de culpado, de errado, ou até mesmo de inocente e certo, mina a pesquisa sobre conflitos sociais. Essa identificação nos impede de ter uma visão imparcial sobre os conflitos, nos impede de analizar um conflito de uma forma efetiva... Essa estigmatização impede, por exemplo, de que políticas (sejam elas políticas municipais, nacionais ou mesmo - como é o caso do nosso conflito analizado - mundiais) efetivas que auxiliem os envolvidos no conflito.

Além disso, auxiliar o conflito não significa resolvê-lo. Essa parece ser uma visão de senso comum. Logo na primeira aula da disciplina, a professora me mostrou que o conflito não é necessariamente ruim, já que o conflito pode nos mostrar as diferenças entre culturas, entre pensamentos e até mesmo entre o indivíduos, o que pode ser extremamente benéficos para os indivíduos relacionados e participantes do conflito e para todos os envolvidos e espectadores...

A conclusão desta reflexão, se é que ela existe, é de que a estigmatização e a busca de culpados é extremamente prujudicial e ineficiente. Essa estigmatização seria, talvez, o ato de impor uma verdade única e absoluta e tudo isso nos leva ao Foucalt e à sua teoria de verdade e de poderes e micropoderes, que nos mostra como a verdade é uma construção proveniente de balanço de poderes. Portanto, é nossa responsabilidade como pesquisadores tentar compreender todos os lados e faces dos conflitos analisados, porém, como essa é uma atividade muito complexa, não temos a pretenssão de conseguir analizar todas essas faces, mas acredito que o fruto de mais valor desta disciplina é a tentativa realizada.

Mais uma contextualização

Aqui, mais um texto sobre a contextualização histórica do conflito, retirado do site Globo.com:

"Raízes do conflito
Em 1897, durante o primeiro encontro sionista, ficou decidido que os judeus retornariam à Terra Santa, em Jerusalém, de onde foram expulsos pelos romanos no século III d.C.. Imediatamente teve início a emigração para a Palestina, que era o nome da região no final do século XIX. Nesta época, a área pertencia ao Império Otomano, onde viviam cerca de 500 mil árabes. Em 1903, 25 mil imigrantes judeus já estavam vivendo entre eles. Em 1914, quando começou a I Guerra Mundial (1914-1918), já eram mais de 60 mil. Em 1948, pouco antes da criação do estado de Israel, os judeus somavam 600 mil.
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O Estado duplo
Os confrontos se tornavam mais violentos à medida que a imigração aumentava. Durante a II Guerra Mundial (1939-1945), o fluxo de imigrantes aumentou drasticamente porque milhões de judeus se dirigiram à Palestina fugindo das perseguições dos nazistas na Europa. Em 1947, a ONU tentou solucionar o problema e propôs a criação de um “estado duplo”: o território seria dividido em dois estados, um árabe e outro judeu, com Jerusalém como “enclave internacional”. Os árabes não aceitaram a proposta.
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As Guerras
No dia 14 de maio de 1948, Israel declarou independência. Os exércitos do Egito, Jordânia, Síria e Líbano atacaram, mas foram derrotados. Em 1967 aconteceram os confrontos que mudariam o mapa da região, a chamada “Guerra dos Seis Dias”. Israel derrotou o Egito, Síria e Jordânia e conquistou de uma só vez toda a Cisjordânia, as colinas do Golán e Jerusalém leste (veja mapa ao lado). Em 1973, Egito e Síria lançaram uma ofensiva contra Israel no feriado de Yom Kippur, o Dia do Perdão, mas foram novamente derrotados.
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Intifada
Em 1987 aconteceu a primeira Intifada, palavra árabe que significa “sacudida” ou “levante”, quando milhares de jovens saíram às ruas para protestar contra a ocupação considerada ilegal pela ONU. Os israelenses atiraram e mataram crianças que jogavam pedras nos tanques, provocando indignação na comunidade internacional.A segunda Intifada teve início em setembro de 2000, após o então primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, ter caminhado nas cercanias da mesquita de Al-Aqsa, considerada sagrada pelos muçulmanos e parte do Monte do Templo, área sagrada também para os judeus.
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Situação no século XXI
Israel permanece nos territórios ocupados e se nega a obedecer a resolução 242 da ONU, que obriga o país a se retirar de todas as regiões conquistadas durante a Guerra dos Seis Dias. Apesar das negociações, uma campanha de atentados e boicotes de palestinos, que se negam a reconhecer o estado de Israel, e israelenses, que não querem devolver os territórios conquistados, não permite que a paz se concretize na região.
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Cisma Palestino
Em junho de 2007 a Autoridade Nacional Palestina se dividiu, após um ano de confrontos internos violentos entre os partidos Hamas e Fatah, que deixaram centenas de mortos. A Faixa de Gaza passou a ser controlada pelo Hamas, partido sunita do Movimento de Resistência Islâmica, e a Cisjordânia se manteve sob o governo do Fatah do presidente Mahmoud Abbas. O Hamas havia vencido as eleições legislativas paestinas um ano antes, mas a Autoridade Palestina haia sido pressionada e não permitiu um governo independente por parte do premiê Ismail Hamiya. Abbas declarou estado de emergência e destituiu Haniya, mas o Hamas manteve o controle de fato da região de Gaza."

Contextualização do Conflito


Apresentar a contextualização de um conflito é fundamental para compreendê-lo. Não é possível a compreensão total de um conflito sem conhecer suas raízes e fatos que acarretaram à situação atual. Por esse motivo, nesse post será apresentada uma breve contextualização do conflito entre israelenses e palestinos, com uma contextualização histórica.

A região da Palestina, localizada no Oriente Médio e com excelente localização, é uma estreita faixa de terra, que não possue petróleo e nem recursos minerais importantes. Por que será que ela é tão disputada? A questão é história, veja:
Por volta dos anos 2000 a.C., os hebreus (povo dos quais descendem os judeus) passaram a habitar a área da Palestina, se tornando o primeiro povo a habitá-la.
Os hebreus foram, então, expulsos pelo Império Romano e tiveram que deixar a área. A partir dessa expulsão, os judeus passaram a habitar em diversas partes do mundo, porém, nunca abandonaram seus costumes religiosos e tradições.
No fim do século VII, deu-se o fim do Império Romano e a criação do Islamismo e, a partir de então, a área da Palestina passou a ser habitada pelos árabes, que acabaram sendo chamados de "povo palestino".
Em 1897 começou o fomento ao movimento sionista, que defendia a volta dos judeus à região da palestina, e, a partir de então, milhares passaram a voltar para sua "região de origem".
Em 1947, a ONU propôs a divisão da Palestina em dois estados: Israel (estado judeu) e a Palestina (estado árabe-palestino). Finalmente, em 14 de maio de 1948, Bem Guirom proclamou a criação do Estado de Israel.

Israel Defense Forces

Hamas

quinta-feira, 10 de março de 2011

Identidade


Quando discutimos em aula a questão de identidade, apresentada por Stuart Hall e discutida por nossos colegas em classe, prontamente a relacionei com o tema.

Será que um ser humano considerado palestino e que se identifica como um, necessariamente se identifica com essa guerra com os israelenses? Acredito que isso não possa ser generalizado. E o mesmo serve para o "outro lado" do Tribunal de Gaza.

Seria muito injusto generalizar que todos os nascidos em Israel, que se identificam como israelenses, são totalmente a favor da guerra contra os palestinos. Essa questão de generalização de identidade é muito perigosa e muito ampla. Certamente nunca ninguém perguntou à todos os seres humanos daquela região, que tradicionalmente são tidos como pessoas que odeiam o povo "rival", que lutam para vê-lo extinguido, como eles se identificam, se se identificam com essa luta que apresentada a nós, todos os dias, como luta de duas nações, uma contra a outra.

Aqui, portanto, será apresentada a história "tradicional" desse conflito, mas nunca deixando de lado a busca pela não-generalização dos indivíduos.